O fortalecimento e empoderamento de mulheres em situação de rua é objetivo do projeto que está sendo organizado pelo Movimento Nacional da População em Situação de Rua (MNPR) de Curitiba, iniciado nesta última quarta-feira (11).
Ainda sem nome definido – a proposta é que o nome do projeto seja construído junto com as participantes – a atividade reuniu mais de 20 mulheres em situação de rua da capital paranaense no primeiro encontro, realizado entre as paredes cheias de lembranças e memórias de lutas do Sindipetro – Sindicato dos Petroleiros. Com duração de pouco mais de dois meses, o projeto deve abordar em 11 etapas semanais questões como saúde, enfrentamento à violência, direitos fundamentais, o mundo do trabalho, economia solidária e a construção social dos papéis da mulher.
Integrante do MNPR, Valdenice Fanini explica que, apesar da população em situação de rua, em geral, ser composta por uma maioria de homens – dados de pesquisa do Ministério do Desenvolvimento Social, de 2008, indicam que eles representam mais de 80% dessa parcela da população – são as mulheres que mais sofrem com as diversas formas de violência (sexual, física, moral e psicológica) nas ruas.
“Por isso o projeto quer ajudar a empoderar essas mulheres que muitas vezes não sabem como buscar espaços que são abertos para elas, de forma a garantir que elas acessem seus direitos”, indica Valdenice. A representante do MNPR aponta que, além disso, a atividade deve contribuir na sensibilização das participantes para se unirem na luta de movimentos sociais e na organização popular, de forma a se fortalecerem para superar as violações de direitos que sofrem.
O projeto é realizado a partir de uma iniciativa do Movimento Nacional da População em Situação de Rua (MNPR), em parceria com o Coopera Rua – projeto executado pelo Cefuria -, a Secretaria Municipal Extraordinária da Mulher de Curitiba (SMEM), Casa de Passagem para Mulheres e LBT, Secretaria Municipal de Saúde, Assessoria de Direitos Humanos do Gabinete do Prefeito e pelo mandato da Vereadora Professora Josete.
Sementes de multiplicação
A primeira etapa buscou aproximar as participantes através do compartilhamento de experiências e de desejos. Durante a apresentação, as mulheres contaram suas trajetórias de vida. Apesar das diferentes vivências, em comum está a luta e a resistência das diferentes pessoas presentes.
“Aqui tem mulheres de várias idades e cabeças. Isso é uma troca de experiência muito grande”, avaliou Daniela*, uma das participantes que está acolhida na Casa das Mulheres e LBT, de Curitiba.
Esperança, força, alegria e persistência são alguns dos sentimentos que as participantes, quando foram questionadas, indicaram estar trazendo junto para os encontros. “Tenho esperança no futuro porque só com esperança e com sonhos é que a gente corre atrás”, disse Silvia*, outra participante.
Ao final da primeira etapa, as sementes de girassol distribuídas para cada mulher simbolizaram a intencionalidade desse projeto. “A gente precisa ser um pouco jardineira e ter afeto e cuidado para que a semente brote”, lembrou Valdenice, que sugeriu às participantes cultivarem as flores nos espaços onde estão acolhidas ou nas praças onde freqüentam. E completou: “Que a gente seja também uma semente multiplicadora daquilo que a gente estiver colhendo aqui dentro”.
*Para preservar a identidade das participantes, as mesmas não terão seus nomes verdadeiros identificados no texto.
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Atitudes assim, me fazem ter esperança no ser humano. Parabéns