Famílias estão em Curitiba e querem retornar à Terra Indígena Rio das Cobras, em Nova Laranjeiras, a 328 km da capital
Os cestos e outros artesanatos típicos do povo Kaingang do Paraná serão a forma de agradecimento a quem participar da campanha de financiamento coletivo em favor dessa população. As contribuições vão ajudar famílias que estão em Curitiba (PR) a retornar para a Terra Indígena Rio das Cobras, em Nova Laranjeiras, a 328 km da capital.
O povo originário veio até Curitiba em dezembro para comercializar seus artesanatos, principal fonte de renda para a sua sustentação. No entanto, com o fechamento da Casa de Passagem Indígena, em março de 2020, pela gestão do prefeito Rafael Greca (DEM), as famílias ficaram sem um lugar para se abrigar e muitas acabaram dormindo na rua. A reabertura provisória ocorreu no início deste ano, após quase um mês de mobilização.
Apesar da conquista da Casa de Passagem provisória, a explosão de contaminações pela variante ômicron da covid-19 e também pela gripe tornou a comercialização nas ruas um risco.
“Eu queria ir agora, porque a situação está piorando aqui pelo covid. Essa gripe já chegou aqui também”, diz Jocelino Ribeiro, indígena que está em Curitiba há cerca de um mês.
Para evitar um surto de contaminação da população Kaingang, entidades se uniram para levantar o valor referente a todo artesanato que as famílias pretendiam vender em Curitiba. Parte do valor já foi levantado e repassado às famílias, e a campanha lançada nesta segunda-feira (24) pretende reunir o restante.
Além da pressa de voltar para casa por conta do início do ano letivo das filhas, Eunice relata que precisa do recurso para o material escolar: “Já está chegando a aula das minhas meninas e eu preciso comprar os materiais pra elas.”
A ação é organizada por entidades e movimentos populares do Paraná, e vai até o dia 9 de fevereiro.
Apoie
A campanha está hospedada na plataforma Kickante, com faixas de doação de R$20, R$40, R$70, R$140 ou R$200. Quem participar vai receber artesanatos indígenas como retribuição. São cestos, caneteiros, filtros dos sonhos, arco e flecha, chapéus, de diferentes cores e tamanhos.
Adecira Rodrigues resume como é a rotina de coleta de matéria-prima e produção dos cestos: “A gente mesmo vai buscar no mato, atrás de lá, vê o que tem que raspar e preparar as fitas da taquara pra conseguir fazer os artesanatos.” A colheita das taquaras é feita no período de lua cheia, para que o material fique com melhor qualidade, conforme explica Jocelino Ribeiro.
As recompensas serão entregues no Centro de Formação Urbano Rural Irmã Araújo (Cefuria), em Curitiba, nos dias 5, 12, 19 e 26 de fevereiro, das 8h às 13h. A instituição fica na Rua Desembargador Motta 2791, Bigorrilho, em Curitiba. Será necessário agendar a retirada via whatsapp (41) 99711-1316, entre segunda e sexta-feira.
Para quem não é de Curitiba, é preciso entrar em contato pelo mesmo número para combinar o envio da recompensa pelos Correios. O frete será calculado e cobrado à parte.
As recompensas não retiradas nos dias indicados acima serão destinadas à ABAI – Associação Brasileira de Amparo à Infância, de Mandirituba (PR).