Atlas do Agronegócio: fatos e números sobre as corporações que controlam o que comemos

Publicação que apresenta o lado B do agronegócio será tema de debate em Curitiba  

No dia 25 de setembro, o Solar do Rosário receberá um debate sobre o “Atlas do Agronegócio – fatos e números sobre as corporações que controlam o que comemos”, publicação lançada pelas fundações alemães Heinrich Böll e Rosa Luxemburgo no início do mês, no Rio de Janeiro. O evento, organizado em parceria com a Terra de Direitos, contará com a presença de Bel Coelho, chef do restaurante paulista Clandestino e apresentadora; Claudia Schmitt, professora e pesquisadora da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro; Darci Frigo, coordenador geral da Terra de Direitos; Jonas Souza, representante do MST e Maureen Santos, editora do Atlas e coordenadora da Fundação Heinrich Böll no Brasil.

Com riqueza de dados, mapas e infográficos,  o “Atlas do Agronegócio – Fatos e números sobre as corporações que controlam” o que comemos apresenta artigos de especialistas nacionais e estrangeiros que desvendam a cadeia do agronegócio no Brasil e no mundo e fazem um raio X da atuação das grandes corporações transnacionais que dominam o setor.

Propagandas de TV tentam vender a ideia de que o “Agro é Tudo”: motor da economia nacional, moderno, movido à alta tecnologia, gerador de empregos e divisas para o País. Há, no entanto, uma face obscura do agronegócio brasileiro que coloca o pais no topo de outras listas, menos lisonjeiras.  O Brasil é campeão mundial na produção de alimentos geneticamente modificados, no consumo de agrotóxicos, no desmatamento de ecossistemas nativos e em assassinatos de defensores e defensoras de territórios tradicionais e do meio ambiente.  É este o lado B do setor, uma realidade da qual o Brasil deveria se envergonhar profundamente.

Segundo Maureen Santos, “a tendência crescente de concentração da produção e distribuição da cadeia faz com que as definições sobre qualidade, preço e acesso sejam determinadas pelas grandes corporações do setor. “Um exemplo é o mercado de sementes que, depois de fusões bilionárias, é dominado mundialmente por apenas quatro empresas transnacionais que impõem a utilização de transgênicos e a padronização da produção para atender as necessidades da indústria alimentícia. O resultado é o cultivo cada vez mais raro de espécies nativas e sementes crioulas que garantem a diversidade e variedade de espécies, colocando em risco as tradições alimentares de diferentes culturas e regiões do Planeta.

O Atlas aborda ainda a realidade brasileira ao desvendar o lobby dos ruralistas em governos e no Congresso Nacional, a alta concentração de terra no País e os impactos da recente reforma trabalhista nas relações no campo, que podem aumentar os índices de trabalho escravo.

Produção a que custo?

Longe de se preocupar com a erradicação da fome ou garantir alimentos acessíveis e saudáveis para a população mundial, a cadeia do agronegócio busca aumentar produtividade e lucros de forma acelerada e com altos custos ambientais e sociais, aponta o Atlas. Perda de fertilidade de solos, redução de biodiversidade, morte de oceanos e aumento crescente da emissão de gases de efeito estufa são algumas das consequências relacionadas à disseminação de novas tecnologias no campo e ao desmatamento.

No que diz respeito aos trabalhadores rurais e pequenos produtores, a situação não é diferente: postos de trabalho no campo estão sendo erradicados e produtores estão sendo expulsos de suas terras para dar lugar às grandes plantações de monocultura.

Temas como sementes, fertilizantes, maquinaria, marcas e cadeia de varejo, agrotóxicos, transgênicos, patentes, comércio global, lobby, investimentos, biofortificação, resistência e conflitos no campo, agroecologia e gourmetização da alimentação saudável são tratados de maneira direta, apontando os impactos desta realidade na alimentação da população mundial.

Embora a situação seja complexa e possa parecer desanimadora, há saídas e alternativas possíveis. O Atlas aponta ações de resistência de pequenos produtores, povos indígenas, comunidades tradicionais e quilombolas, e apresenta alternativas já aplicadas no Brasil e no mundo, como a agroecologia.

Debate:

O Atlas foi lançado no Rio de Janeiro com a presença de 200 pessoas, autores, Bela Gil e Gregório Duviver e ganhou atenção da imprensa com matérias no jornal O Globo, Intercept, Brasil de Fato, entre outros veículos. Em Curitiba, a ideia é reunir mais uma vez pessoas para ampliar este debate sobre a origem dos alimentos e os riscos de uma concentração de mercado no setor. Para Darci Frigo, coordenador da Terra de Direitos, organização anfitriã do evento, “É importante conhecer as contradições da agricultura, especialmente do agronegócio, para poder construir um projeto de país com alimentação soberana e saudável”.

A íntegra do Atlas do Agronegócio está disponível para download em pdf no site das Fundações Heinrich Boll Brasil(https://br.boell.org/pt-br) e Rosa Luxemburgo (https://rosaluxspba.org/) e versões impressas podem ser solicitadas por email (info@br.boell.org).

Participantes da mesa:

Bel Coelho: Premiada chef do restaurante paulista Clandestino e apresentadora do Receita de Viagem (TLC Discovery), Bel descobriu cedo sua vocação. De uma família de apreciadores da gastronomia, tem em sua memória afetiva uma forte ligação com a cozinha e com seus sabores. Formada pelo Culinary Institute of America (CIA), trabalhou com grandes chefs em alguns dos mais importantes restaurantes do mundo, como o El Celler de Can Roca. À frente do programa de TV, percorreu mais de 35 cidades brasileiras, aprofundando sua pesquisa e explorando, com um outro olhar, a autêntica cozinha do Brasil e toda a sua riqueza de histórias.

Claudia Schmitt: Autora do artigo “Agroecologia no Brasil”, doutora e mestre em sociologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Estágio de Doutorado no Exterior realizado no Programa de Estudos Ambientais da Universidade da California, UC-Santa Cruz, Califórnia, Estados Unidos. Professora Adjunta do Programa de Pós-Graduação de Ciências Sociais em Desenvolvimento, Agricultura e Sociedade da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (CPDA/UFRRJ). Atuou também como assessora e consultora de organizações não-governamentais e junto a organismos governamentais em temas relacionados a formulação e implantação de políticas públicas para a agricultura familiar. Integrante da equipe de pesquisadores do Observatório de Políticas Públicas para a Agricultura (OPPA).

Darci Frigo: Advogado popular e defensor de direitos humanos há mais de 30 anos, recebeu o Prêmio Robert F. Kennedy de Direitos Humanos em 2001 e atuou na Comissão Pastoral da Terra (CPT) até o ano seguinte, quando se dedica à fundação da Terra de Direitos. Participou do processo de fundação da Rede Nacional de Advogados e Advogadas Populares (RENAP), do Fundo Brasil de Direitos Humanos, da Articulação Justiça e Direitos Humanos (JusDh) e das Jornadas de Agroecologia do Paraná. Atualmente, é presidente do Conselho Nacional de Direitos Humanos (CNDH), representando a coordenação da Plataforma de Direitos Humanos Dhesca Brasil e integra o Conselho Curador da Fundação Fundo Brasil.

Jonas Souza: Agricultor, coordena o acampamento do MST José Lutzemberg em Antonina,  litoral do Paraná. O acampamento tem como base a agrofloresta e é referência em agroecologia. Ganhou o Prêmio Juliana Santilli de agrobiodiversidade do Instituto Socioambiental. Jonas também fez parte da fundação de uma associação de comercialização e acesso para vendas institucionais da produção de sua região, via Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE)
Mais informações e agendamento de entrevistas:

Lizely Borges (Terra de Direitos)
(41) 3232-4660
lizely@terradedireitos.org.br

Manoela Vianna (Fundação Heinrich Böll)
(21) 999286180 / (21) 32219900
manoela.vianna@br.boell.org

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