Mais de 400 pessoas participaram da manifestação em Curitiba, entre integrantes de movimentos sociais do campo e da cidade.
Por Ednubia Ghisi
Na manhã de hoje, mulheres integrantes de grupos de economia solidária ocuparam a rua em frente à sede da Copel, no bairro Batel, junto a vários movimentos sociais. Desta vez não era feira, não tinha barracas ou produção própria e artesanato em exposição. O motivo da manifestação, realizada para marcar o Dia Internacional das Mulheres, é a alta taxa de luz que atinge a população a paranaense. Segundo levantamento do Movimento dos Atingidos por Barragens – MAB, a tarifa de energia no estado subiu 105% e é a segunda mais cara do Brasil.
A maioria dos mais de 400 participantes chegou cedo, a exemplo de Inair Maciel Koslowski, integrante do Clube de Troca Amizade e moradora do Campo Comprido: “Acho muito importante essa luta. A minha luz era uns 50 reais, agora vem cento e pouco. E eu moro sozinha, não tem porquê vir tão cara”, questiona. Na rua em frente à Companhia, um varal amarrado aos postes exibia centenas de contas de energia elétrica trazidas pelos manifestantes.
Maria Madalena dos Santos da Silva, moradora do Faxinal Campestre dos Paula, em Mandirituba, e integrante do Clube de Troca Novo Amanhecer Faxinalense, reforça a importância da união entre os trabalhadores e trabalhadoras para conseguir transformações sociais: “Todos nós estamos unidos numa luta só, buscando a igualdade social, mas também a qualidade de vida e o respeito ao meio meio ambiente”.
A batucada de latas e galões de plástico ajudou a ecoar as músicas e palavras de ordem que cobravam energia como direito, não como mercadoria. O fim da violência contra as mulheres, a igualdade salarial, a manutenção dos direitos previdenciários também foram temas tratados no ato. Entre os movimentos presentes estavam o MAB, o Movimento Popular por Moradia – MPM, a Marcha Mundial de Mulheres – MMM, a União Brasileira de Mulheres – UBM e o Movimento Nacional da População em Situação de Rua – MNPR. A partir das 17h horas está prevista a realização de uma marcha de 2,5 quilômetros, com início na Copel e encerramento na Boca Maldita, no Centro de Curitiba.
“É a primeira vez que participo de uma manifestação assim. Estou gostando bastante. A gente tem que lutar por nossos direitos e por uma tarifa de luz mais baixa, porque é a dona de casa, a mulher, que tem economizar para conseguir pagar. Estamos lutando por uma tarifa justa”, relata Amália de Fátima Roncolato, integrante do Clube de Troca Art Mãos e moradora do Pinheirinho.
Apoiador dos grupos da economia solidária, o Cefuria contribuiu para a mobilização com rodas de conversa anteriores à manifestação. Essa forma alternativa de economia é protagonizada por mulheres, e busca a construção conjunta com movimentos e organizações populares: “Para o Cefuria é muito importante estar junto com os movimentos sociais e populares. Aqui a gente está discutindo a questão da violência contra a mulher, dos direitos, da participação da mulher na sociedade, dos direitos políticos iguais”, garante Lourdes Marchi, integrante do Conselho do Cefuria e da Rede Pinhão de Clubes de Troca.
Somos o sexo frágil? Acho que não! Mulheres tem de lutar pelos direitos. E, não só reivindicar condições melhores para nós, mas sim para toda uma sociedade que sofre com o descaso e taxas absurdamente altas em contas.