Ato de repúdio à violência e pela democracia reúne mais de 20 mil pessoas em Curitiba

Ato em apoio aos professores_5 de maio (19)

Texto e fotos de Franciele Petry Schramm, do Cefuria.

Ao invés de bombas de gás, os manifestantes levaram flores. No lugar de balas de borrachas, cartazes. Gritos de ordem e cantos substituíram os gritos assustados do massacre policial promovido no último dia 29. Mais de 20 mil pessoas saíram em direção ao Centro Cívico, em Curitiba, nesta terça-feira (5), para protestar contra a violência e pela democracia.

Diversas categorias de diferentes locais do Paraná e de outros estados saíram da Praça 19 de Dezembro em marcha pela Avenida Cândido de Abreu.  Representantes de centrais sindicais e movimentos sociais de Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Minas Gerais também estiveram no evento, demonstrando apoio aos servidores paranaenses. Entre eles, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) e a Marcha Mundial das Mulheres (MMM). Integrantes do Cefuria também acompanharam o protesto.

Ato em apoio aos professores_5 de maio (83)O ato promovido pela APP-Sindicato foi uma forma de repudiar a maneira violenta com que foram tratados educados do Paraná em protesto realizado no dia 29, quando estava em votação o Projeto de Lei 252/2015 da Paraná Previdência.  Na ocasião, mais de 400 manifestantes saíram feridos após massacre promovido pela polícia, a mando do secretário de Segurança Pública, Fernando Francischini, e com o consentimento do governador Beto Richa (PSDB).

O Presidente do Núcleo Sindical de Londrina da APP-Sindicato, Márcio André Ribeiro, presenciou a violência. Viu quando as grades que cercavam a Assembleia Legislativa do Paraná caíram, e o início da ação da polícia, com o lançamento de bombas de gás e o disparo de balas de borracha. “Foi uma experiência muito diferente e traumática”, conta.

Ele explica a realização do ato deste dia 5. “Queremos mostrar para mostrar, para toda a sociedade brasileira que nós não somos vândalos, não somos black blocks”, fala. “Somos educadores, funcionários públicos pacíficos. Somos de luta, e continuaremos lutando por nossos direitos e por um país democrático”.

De luto e em luta

Ato em apoio aos professores_5 de maio (10)Agente Educacional I, a servidora Adriana Maria da Silva veio de Ibati, no Norte no Paraná, para participar do ato. Ela também esteve na manifestação do dia 29, e resolveu protestar contra a ação. “A gente não pode baixar a cabeça diante de tanta força bruta, porque no Brasil não é assim que se resolvem os problemas. É como se diz por aí: Se não pode com a formiga, não atice o formigueiro”, justifica.

Durante o ato, a professora Mariel Aparecida Casas caminhou junto de um grupo de apoio aos educadores feridos no massacre. Ao participar da manifestação do dia 29, não imagina que haveria uma reação tão violenta por parte do Estado. “Não foi confronto, porque para ser confronto é necessário ter condições de igualdade entre os dois lados. Nós não estávamos armados”, explica. “Tive o sentimento de que a gente não vive em um país democrático”. A professora também está de luto e em luta. “A gente tem que vir para rua reivindicar nossos direitos”.

Na tarde deste dia 5, mais de 10 mil professores estaduais também participaram de Assembleia Geral da Categoria, realizada no estádio de futebol Durival Britto. Os participantes decidiram manter por tempo indeterminado a greve da Educação, que já dura 12 dias.

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